sábado, 22 de outubro de 2011

Carta

Para onde foi tudo aquilo? Que tínhamos tão seguro. Tão certos de sua eternidade. Para onde foi, hein? Meu peito, depósito subitamente esvaziado, aperta-se no meio de tanto espaço.Tento identificar o instante, quando o que tínhamos se perdeu. Mas nem sei se o perdemos juntos ou se juntos já não estávamos. Me desespera saber que um amor, um dia desses tão grande, possa ter desaparecido com tanta facilidade.
Como já disse, estou triste; e isso me faz acreditar no poder das cartas. Não falo de tarô, mas destas, escritas e mandadas ou não mandadas. Cheias de questões e metáforas, que assim, misturadas cuidadosamente, num cafona português polido, soam mais sensatas.
Qual poder espero desta carta? Simples: que deixe registrado este meu estranho momento. Quando o que devia ser alívio revela-se angústia. E a cabeça não pára, vasculhando cantos vazios.Não gosto de perder as minhas coisas, você sabe. E hoje, cercada pela sua ausência, procuro o que procurar. Experimentando o desânimo da busca desiludida. Pois, se um amor como aquele acaba dessa maneira, vale a pena encontrar um outro? Será inteligente apostar tanto de novo?Aposto que você está pouco se lixando para isso tudo. Que seguiu sua vida tranqüilamente, como se nada de tão importante tivesse ocorrido. E está até achando graça desta minha carta, julgando-a patética e ridícula. Você, redundante como sempre.
Só há uma coisa certa a respeito disso: não desejo resposta sua. É, esta é uma daquelas cartas que não são para ser respondidas. Apenas lidas, relidas, depois picadas em pedacinhos. Sendo esse o destino mais nobre para as emoções abandonadas.
Queria apenas pedir um favor antes que você rasgue este resto do que tivemos. Se algum dia, tendo bebido demais, sei lá, você acabar pensando tolices parecidas com estas, escreva também uma carta. Mesmo sem jamais saber o que você irá dizer, sei que ela fará de mim menos ridícula. Neste amor e, por isso, em todo o resto. Pois adoraria que você fosse capaz de tanto - escrever uma carta é um ato de desmedida coragem. E eu ficaria, enfim, feliz comigo, por tê-lo amado. Um homem assim, capaz de escrever bobagens amorosas.Então é isso - como sou insuportavelmente romântico, meu Deus. Termino aqui essa história, de minha parte, contando que estas palavras façam jus ao fim do amor que senti. E deixando este testamento de dor, onde me reconheço fraco e irremediável. Porque ainda gostaria de poder acreditar que você nadaria de volta para mim."
Fernanda Young

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Tati Bernardi



"O amor é uma doença. Eu sinto náuseas, febres, dores musculares. Eu acordo assustada no meio da noite. Eu choro à toa."


Tati Bernardi

Solidão? (LaRaH)


Até quando vivêramos com medo da solidão?
Nos apaixonando, perdendo sofrendo?
Não quero ser hipócrita, tenho medo de morrer só. De não ter meu cobertor de orelha fixo aos 50 anos, e por ser lésbica, filhos é algo um pouco mais distante para mim.
Quando tiver que ser na hora que tem que ser, quero firmar minha base, e me contentar inteiramente com um único alguém, com uma única pessoa que ilumina e preenche meus dias. Mas se até agora não encontrei alguém a culpa é minha? Ou será que esta no tempo?
Prefiro acreditar que minha hora ainda não chegou. Eu com meus vinte e poucos anos bem vividos não estou preparada ainda. Simples assim.
E não digo isso apenas por frases feitas, e porque, é o que meu signo indica, não foi necessário tirar as cartas, nem ler um livro de auto ajuda. Simplesmente fiz uma auto analise: Com nenhuma pessoa consegui ser fiel, essa tal de fidelidade ainda me consome. Nem mesmo com o grande amor da minha vida, paixão arrasadora que fiz planos, jurei amor eterno e perdi o medo da morte com o termino, quando a tinha não fui fiel.
Sempre gostei de um boteco, cerveja, conversa jogada fora, amigos e um pouco de putaria, nunca consegui me privar completamente disso, ou aceitar comodamente um:  “- você não vai sair  hoje.”
Mais um dia acho alguém que além de estremecer o meu mundo me ponha rédeas. E não por algo imposto, mais porque chegou a minha hora e simplesmente aceite uma vida mais calma com leveza.
Somos todos os dias bombardeados, pela TV, revistas e redes sociais com casais românticos, fofos, jurando amores, felizes para todo o sempre. O que nos foi imposto desde o berço, a casar ter filhos, comprar, vender morrer e toda essa MERDA.
Sou tratada como uma idosa solitária, por não ter um namorado com 20 anos é isso mesmo? Eu com 21 anos sou a mal amada que morrera velha e solitária, porque ainda não chegou minha hora e que to enchendo a cara, fazendo merda, e aproveitando minha melhor idade?
Sim levei um pontapé na bunda e daí? Com ele pude ver que posso fazer muita coisa ainda. Sofri, chorei, sinto falta de alguém que durma, acorde, que eu mime, que eu seja mimada, alguém para ligar e desejar bom dia. Mas também vi como estou bem até, como posso ser feliz sozinha tudo serviu muito para que eu crescesse.
O amor é bom, a paixão maravilhosa, ter esse alguém que você saiba que esta ali para te amar, e te apoiar é uma das coisas melhores em um relacionamento. É lindo casais românticos. Por mais amarga que possa parecer falando de amor, eu ainda o acho lindo, e acredito nele. Mas aprendi que um relacionamento não é tudo, que não posso viver para alguém, hoje vivo por mim.
Não permita que o amor, o sentimento mais esplendido te deixe triste por não o ter agora de alguém que você faça sexo também. Afinal de amigos, família e de quem nunca te abandona apesar de todos os pesares, que te amam  apesar do seu gênio, suas manias, que te respeitam. Mesmo que distante, mesmo sem telefonar, mais que você sabe que pode contar.
Não  fujo do amor, não minto a mim, amanha posso encontrar uma paixão arrasadora que daqui alguns anos esteja casada e com filhos. Mas também não me cobro ou cobro dos meus dias essa tal pessoa para a vida toda.
Só não quero e não permito viver com medo da solidão, de um dia não encontrar alguém.
Apenas vivo, e um dia tudo isso vem.


LaRah

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Sempre mais (LaRaH)


Sistema nervoso alterado, raciocínio mais claro, eletricidade, choque cerebral. E todos os efeitos causados por tóxicos  sem sentir prazer.
E vira um, dois, três copos do amargo gosto de qualquer coisa que traga ilusão de felicidade.
E traga uma esperança de encontrar o caminho da paz.
Venenos da salvação que perderam a graça, por tanto excesso. 
Atrás de venenos mais fortes, com doses maiores, atrás de uma "picada" na veia de vida.
Sentidos a mil, libido no ultimo, suores, gostos, cheiros e corpos.
Me chamem de bêbada, drogada, puta, vadia. Mas não permito que me tirem a vontade de viver sempre mais. 


LaRaH

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Caio F. Abreu

Esquece. Não vou atrás de ninguém. Não mais. Hoje eu acordei e pensei que seria melhor não, eu não quero me apegar em ninguém, não quero precisar de ninguém. Quero seguir livre, entende? mesmo que isso me faça falta, alguém pra me prender um pouquinho. Vou me esquivar de todo sentimento bom que eu venha a sentir, não levar nada a sério mesmo. Ficar perto, abraçar de vez em quando, sentir saudade, gostar um pouquinho. Mas amar não, amar nunca, amar não serve pra mim. Prefiro assim - 
Caio F Abreu

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Caio F. Abreu


"(...)Claro que você não tem culpa, coração, caímos exatamente na mesma ratoeira, a única diferença é que você pensa que pode escapar, e eu quero chafurdar na dor deste ferro enfiado fundo na minha garganta seca que só umedece com vodka, me passa o cigarro, não, não estou desesperada, não mais do que sempre estive, nothing special, baby, não estou louca nem bêbada, estou é lúcida pra caralho e sei claramente que não tenho nenhuma saída, ah não se preocupe, meu bem, depois que você sair tomo banho frio, leite quente com mel de eucalipto, gin-seng e lexotan,depois deito, depois durmo, depois acordo e passo uma semana a ban-chá e arroz integral, absolutamente santa, absolutamente pura, absolutamente limpa, depois tomo outro porre, cheiro cinco gramas, bato o carro numa esquina ou ligo para o CVV às quatro da madrugada e alugo a cabeça dum panaca qualquer choramingando coisas do tipo preciso-tanto-de-uma-razão-para-viver-e-sei-que-esta-razão-só-está-dentro-de-mim-bababá-bababá, até o sol pintar atrás daqueles edifícios, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais destrutiva que insistir sem fé nenhuma?”

Caio Fernando de Abreu