quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Diz que dá


Tudo bem, eu confesso.

Já fui muito alienada.
Do tipo que detesta política e se recusa a enxergar qualquer coisa fora do meu
umbiguinho burguês de contos de fadas.
Como se a vida fechada no meu mundinho alternativo de pessoas sem preconceitos (além dos velados) bastasse.
Só que…
Sinceramente?
Isso já não me satisfaz.
É como diz a música:
“Fundamental é mesmo o amor. É impossível ser feliz sozinho…” (“Wave” – Tom Jobim)
Amor não no sentido de casal, e sim, de  coletivo.
Coletivo?
Que  coletivo?
Das botinas? Das Sandalhinhas? Scanias, machorras, mulherzinhas, alternativas, fashionzinhas, enrustidas, lesbians chiques?
Se for para ter Partido, que seja Alto, com a imortal Cássia Eller e sua voz especialíssima:
“Diz que deu. Diz  que dá…” (“Partido Alto” – Chico Buarque)
Para mudar,  seguir outro caminho.
Sabem  aquilo?
Aquilo….
O mito de que ter dinheiro,
cultura, profissão, classe econômica e/ou social, poder, status, etc and whatever… É a única forma que uma homossexual tem de ser
respeitada?
Ser “bem sucedida” parece poder nos colocar acima do bem e do mal, mas aparência não é realidade.
A realidade é óbvia e clara.
Ser bem sucedida não é isso!
É viver sem  arrependimentos.
Ou pelo menos perseguir este  objetivo.
Existem três coisinhas básicas que impedem a nossa felicidade:
Medo
Culpa
Vergonha
Armas  impiedosas e potentes de controlar e impor limites.
Tão poderosas que nos corroem por dentro.
Estou mentindo?
Começa  pequeninho.
Uma única célula.
E vai crescendo, até se tornar um órgão, um organismo, um Universo.
Quer tolerância?
Se tolere.
Quer respeito? Se respeite.
Quer  aceitação? 
Se aceite.
O resto é conversa.
Viram o  que twittou Marcelo Tas?
“De que adianta aprovar o casamento gay no Brasil se não vamos ver as fotos nas revistas? Ninguém se assume, uai!”
Mas o que ele sabe sobre isso?
Sobre a  insegurança, o sofrimento, a pressão, as dúvidas?
Andar contra a maré, na contra mão da família, da criação, de toda uma
cultura?
 É difícil se assumir?
Com certeza!
Mas o que é fácil nesta  vida?
Engolir?
Omitir? 
Fingir?
Mentir?
Querer ou mesmo tentar não ser você mesma?
Ser ou não ser…
Solução ou problema?



Diedra Roiz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário